Poucas semanas após minimizar a importância da epidemia de coronavírus, a Organização Mundial da Saúde voltou atrás nesta terça-feira (11). Para o diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a propagação da doença "representa uma ameaça muito grave para o mundo".
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A declaração foi feita na abertura de um seminário em Genebra, com a participação de mais de 400 pesquisadores e autoridades sanitárias de vários países. Ghebreyesus também fez um apelo para que amostras do vírus sejam compartilhadas com o objetivo de acelerar as pesquisas sobre tratamentos e vacinas.
Em meados de janeiro, a OMS havia decidido não declarar urgência internacional sobre o coronavírus. Apenas no final do último mês, quando a epidemia já havia deixado 170 mortos e infectado quase 8 mil pessoas na China e 98 pessoas em 18 países, a organização voltou atrás.
Mais de mil mortos
Segundo o novo balanço divulgado pelo governo chinês nesta terça-feira, o coronavírus já deixou 1.016 mortos e contaminou mais de 42 mil pessoas. Nas últimas 24 horas, foram 108 mortos, o maior número de vítimas fatais registrado em apenas um dia desde o início da epidemia em dezembro.
Fora da China, a pneumonia viral matou duas pessoas e 400 infecções foram confirmadas em cerca de 30 países. O caso de um britânico que contraiu o vírus em Singapura e que em seguida contaminou ao menos 11 pessoas em uma estação de esqui nos Alpes Franceses fez a OMS temer o avanço mundial da doença. A organização também pediu que os países adotem medidas urgentes de confinamento.
Volta ao trabalho
Milhões de pessoas retornaram ao trabalho na segunda-feira (10) na China, após as férias prolongadas do Ano Novo Lunar para tentar impedir a propagação da doença. Pela primeira vez o presidente chinês, Xi Jinping, apareceu em público com uma máscara de proteção e teve a temperatura controlada, como acontece diariamente com milhões de chineses.
Na província de Hubei, epicentro das contaminações, dezenas de milhões de pessoas não retornaram ao trabalho e o confinamento prossegue. As medidas sem precedentes transformaram diversas áreas em cidades fantasmas.
Xangai sugeriu reduzir as concentrações de pessoas nos escritórios, cortar os sistemas de ar acondicionado, evitar as refeições em grupo e respeitar uma distância de pelo menos um metro entre os colegas de trabalho. Uma pesquisa feita pela Câmara de Comércio Americana na cidade mostrou que 60% das empresas planejam o trabalho de casa. A plataforma de comunicação empresarial on-line DingTalk também anunciou na semana passada que quase 200 milhões de pessoas estavam usando sua ferramenta para o 'home office'.
A imprensa estatal informou que o número de passageiros no metrô de Pequim nesta segunda-feira era quase 50% inferior ao de um dia normal de trabalho. Vários centros comerciais na capital estavam desertos, com lojas vazias ou fechadas.
Empresas como a montadora Toyota adiaram o retorno ao trabalho por mais uma semana. Já escolas e universidades de todo o país permanecem fechadas.
RFI
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