Dois jornalistas da revista Veja foram detidos e levados para a delegacia em Pojuca, na Região Metropolitana de Salvador, na manhã desta sexta-feira (14). Segundo a revista, o repórter Hugo Marques e o repórter fotográfico Cristiano Mariz estavam tentando localizar o fazendeiro Leandro Abreu Guimarães, testemunha que pode ajudar a dar informações sobre a morte do ex-capitão Adriano da Nóbrega, em Esplanada. Os jornalistas foram cercados por duas viaturas da Polícia Militar da Bahia, segundo a Veja. Eles se identificaram, mostrando suas credenciais de imprensa. Armados, os PMs mandaram que os jornalistas saíssem do carro em que estavam. Os dois foram revistados. Um dos PMs perguntou várias vezes como eles descobriram o endereço. O gravador do jornalista, com entrevistas feitas ao longo da semana sobre a operação que terminou com a morte do ex-capitão, foi apreendido pela PM, diz a Veja. Os dois jornalistas foram conduzidos então para a delegacia de Pojuca, onde tiveram que responder sobre o que faziam na cidade. Só depois o gravador foi devolvido. Um policial explicou que eles foram retirados do local por "questão de segurança", por estarem parados na frente da casa de uma testemunha.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) diz que os PMs abordaram os jornalistas no carro depois de denúncia de moradores sobre um veículo com placa de Belo Horizonte estava "rondando a região". "A PM foi acionada, abordou o grupo e fez a condução até a Delegacia Territorial. Após se identificarem como jornalistas, foram liberados. Nenhum equipamento foi danificado, alterado ou ficou apreendido", diz o texto. Leandro Abreu é o fazendeiro que escondeu o ex-capitão em Esplanada e uma das últimas pessoas que o viu com vida. O miliciano foi morto a tiros pela polícia baiana no último domingo, em operação que gerou controvérsia e críticas ao modo como foi conduzida. A própria revista Veja traz essa semana reportagem de capa sobre o tema, com fotos do corpo do ex-capitão e opinião de peritos que colocam em dúvida a versão oficial de que houve um confronto. A SSP divulgou nota mais cedo comentando a matéria. “Sobre a lesão arredondada na face anterior do corpo de Adriano, trata-se de equimose, não uma queimadura. É uma lesão contundente, obviamente feita com algo arredondado, que pode ter sido ativamente ou passivamente comprimido contra o corpo”, diz trecho da nota, sem detalhar o que teria causado o ferimento. Segundo a revista, a marca no peito do ex-capitão pode ter sido provocada pelo cano de uma arma longa e de grosso calibre, logo após um disparo, ainda vivo. Os peritos ouvidos afirmam que os ferimentos foram feitos a curta distância, o que é negado pela SSP. (Correio)
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