Mais de 150 mulheres de Guarapuava e da região central do Estado participaram do primeiro ciclo de palestras +Mulheres na Política, uma realização da Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) junto ao Instituto de Direito Eleitoral (Iprade). O evento ocorreu na noite da última quinta-feira (14), no Teatro Municipal de Guarapuava, e contou com a palestra da presidente do Iprade, a advogada Ana Carolina de Camargo Clève, primeira mulher a estar à frente do órgão. O evento teve a participação da presidente da OAB Guarapuava, Maria Cecília Saldanha, de secretários municipais, vereadoras, vereadores e mulheres dos municípios de Campina do Simão, Santa Maria do Oeste, Pinhão, Boa Ventura de São Roque, Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul.
“A nossa participação no processo político faz com que a sociedade como um todo respeite a nossa dignidade”, frisou, no início de sua fala, a deputada estadual Cristina Silvestri, procuradora da mulher da Alep.
“Desde o início dos tempos, as mulheres tiveram papel importante na humanidade. Nós somos responsáveis pela continuidade da vida no planeta. Nos foi dado por Deus o privilégio de gerar um ser. Mas não temos voz para as decisões que dizem respeito ao futuro destes seres. Não temos voz para as decisões que dizem respeito ao nosso futuro”, relembrou, frisando que hoje, mesmo com a maior parte do eleitorado brasileiro sendo feminino, as mulheres só ocupam 10% das posições políticas do país.
“Todo os dias nós mulheres fazemos política. Fazemos política quando vamos às escolas saber sobre o desempenho dos nossos filhos. Quando cobramos mais remédios nas unidades de saúde. Quando denunciamos crimes contra nós mesmas, contra crianças, contra idosos. Nós somos seres políticos. Mas ainda achamos que política não é coisa de mulher”.
PROCESSO ELEITORAL
Na palestra da noite, a advogada Ana Carolina de Camargo Clève falou sobre as mulheres no processo eleitoral – desde a parte histórica até a questão jurídica que permeia o assunto nos dias de hoje. Segundo ela, é necessária uma mudança de cultura no país para que a participação feminina nestes espaços seja potencializada.
“Nós entramos em tribunais e todo o colegiado é formado só por homens. Ou as turmas só são formadas por ministros. E nós achamos isso normal. Ninguém fala nada. E se fossem só mulheres? As pessoas se chocariam, falariam ‘nossa, aqui só tem mulher’. Porque aí a gente não vê com naturalidade. A gente se choca”, exemplificou, comparando a baixa participação feminina da política com outros espaços de poder.
“Um dos meios de aumentar essa participação é fazendo o que nós estamos fazendo aqui. É através da educação. Mas além de encorajar mulheres, fazer com que elas reflitam sobre isso, a gente também precisa dialogar com os homens. Não basta hoje nós ensinarmos as mulheres que elas precisam ser empoderadas. Nós precisamos, como mães, ensinar nossos filhos que as mulheres estão empoderadas e que elas têm os mesmos direitos que eles têm. E que eles vão precisar respeitar isso. Para além de educar mulheres, a gente precisa educar nossos meninos”, frisou.
Durante a palestra, Ana Carolina falou também sobre aspectos técnicos e como as mulheres podem usufruir de meios jurídicos e legais para impulsionarem suas carreiras políticas. Ela citou como exemplo a implementação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o Fundão.
“Este é um recurso que vem do orçamento da União e é destinado para subsidiar campanhas eleitorais. Se falarmos em 2018, primeiro ano em que o Fundão pôde ser usado para este tipo de financiamento, vocês lembram quem eram as candidatas as vices dos presidenciáveis? Kátia Abreu, Ana Amélia, Manuela d’Ávilla e Marina Silva encabeçando chapa. Muitas podem pensar que elas eram apenas vices. Só que não, elas passaram a ter visibilidade. E independente do motivo delas terem sido chamadas para estas posições, o que devemos ver é que os homens começaram a enxergar que as mulheres têm poder. E uma vez que uma mulher atinja visibilidade, ela consegue ser notada e mostrar sua capacidade. E uma mulher vem trazendo a outra”, explicou.
Ao final da palestra, as mulheres participantes puderam fazer perguntas à Ana Carolina sobre mais aspectos técnicos envolvendo campanhas eleitorais e a entrada de candidatas neste processo.
Agora, a Procuradoria da Mulher e o Iprade estão definindo as datas dos próximos eventos do ciclo de palestras, que serão realizados ainda neste primeiro semestre. Entre os municípios que estão com visitas sendo programadas estão Londrina, Terra Roxa e Ponta Grossa.
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