Consciente de que a nossa região do Sudoeste do Paraná é a primeira bacia leiteira do Paraná e consciente ainda de que o futuro do leite no Brasil está no Sul do País e consciente de que dos três estados do Sul o Paraná é o que tem mais potencial de crescimento da produção leiteira, porque temos muito milho, penso que o nosso principal problema para profissionalizar a nossa produção (por isso perdemos para os gaúchos) é a falta de organização do produtor de leite em cooperativas.
A experiência histórica mostra que onde tem bacia leiteira, tem também um cooperativismo pujante. Sim porque o processo de integração da produção leiteira é mesmo difícil, não é como na avicultura ou a suinocultura. A alimentação das vacas não pode ser apenas a base de ração – não são monogástricas – o ciclo dos animais é longo e a produção do animal é variável. Enfim, tudo é mais complicado. Por isso o cooperativismo é estratégico para organizar e desenvolver a produção leiteira. Faz falta no Sudoeste do Paraná um pujante cooperativismo dos produtores de leite.
Pois bem, no Paraná nós temos três grandes cooperativas voltadas para a produção leiteira: em Castro, os holandeses com a Unium, em Londrina a Cativa e em Medianeira a Frimesa. Dessas três grandes organizações cooperativas que se dedicam à atividade leiteira, para nós do Sudoeste, a Frimesa é claramente a melhor opção. A Cativa é de Londrina, e não é uma Central de Cooperativas. A Unium, dos holandeses, não fica bem no Brasil, ali quase que precisa ir com passaporte. Já a Frimesa é uma central de cooperativas que teve sua origem no Sudoeste do Paraná e congrega várias cooperativas do Oeste que estão se instalando no Paraná.
Duas atividades caracterizam a Frimesa: frigoríficos de suínos e laticínios. A suinocultura é a principal atividade, hoje muito rentável, é o mastro da cooperativa. Já a atividade leiteira não possui a atratividade da suinocultura e como me disseram, é a nossa atividade social. Sim grandes cooperativas do Oeste tem abandonado a atividade leiteira justamente por ser menos rentável, que outras atividades. Como essas cooperativas seguem sobretudo uma lógica empresarial, o resultado é que produtores de leite no Oeste tem ficado sem o amparo da sua cooperativa singular para desenvolver a atividade.
Aliás, aqui no Sudoeste também ocorre isso. Por isso, abrem-se possibilidades para as cooperativas da agricultura familiar como as Claf e as Coplaf (no Oeste) formadas por produtores de leite, de ocuparem espaços deixados pelas maiores cooperativas. A Frimesa pode não pagar o preço mais alto do mercado, mas os produtores sócios das cooperativas singulares precisam compreender que confiança, segurança e assistência técnica são mais importantes do que a obtenção do preço máximo. E aqueles produtores que não entenderem isso, é melhor que não se associem a uma cooperativa de produtores de leite.
As novas possibilidades de fomentar as cooperativas de produtores de leite da agricultura familiar decorrem da assistência técnica plural que vem aí. Ou seja, as cooperativas de crédito por estarem interessadas em aumentar o movimento financeiro dos seus cooperados, podem canalizar recursos para financiar ao menos em parte os serviços de assistência técnica. Um bom serviço de assistência técnica é fundamental para o cooperativismo de produtores de leite deslanchar. A Frimesa já é uma potência, tiremos proveito da força desse cooperativismo!
Com JB/Christophe de Lannoy
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